Isso envolve não só a parte mais gostosa, que é encontrar o imóvel certo, mas também uma dívida de longo prazo e uma série de encargos com documentações, taxas e etc.
Apesar de muita gente achar que comprar um imóvel é a melhor opção ao invés de ficar pagando aluguel, a história não é bem assim. Isso dependerá e muito das necessidades e estilo de vida de cada pessoa.
Comprando um imóvel financiado no Brasil
Existem duas modalidades de financiamento imobiliário no Brasil conforme explicamos abaixo:
O SFH - Sistema Financeiro de Habitação, que tem origem nos recursos da caderneta de poupança, FGTS, letras hipotecárias e depósitos interbancários imobiliários. Este sistema foi criado pelo Governo Federal para facilitar a compra de imóveis por pessoas de baixa renda. Sem dúvida alguma, é o modelo mais popular e utilizado de crédito imobiliário em nosso país.
O SFI - Sistema de Financiamento Imobiliário, que tem como principal receita os grandes investidores empresariais como bancos de investimento, bancos com carteira de crédito imobiliário e outras entidades. Esses recursos são captados no mercado financeiro. Este modelo de crédito imobiliário é para quem pretende financiar imóveis de valores mais altos e pagará juros mais elevados optando por esse sistema.
Não devemos nos esquecer que os imóveis no Brasil, apesar da crise, continuam com os preços muito altos. Dos juros cobrados, nem se fala: eles rondam a faixa dos 7,30% ao ano, mais TR (Taxa Referencial).
Alguns bancos exigem que o candidato ao crédito imobiliário dê uma entrada que pode variar de 15% a 30% do valor do imóvel em questão.
Precisamos ter muita atenção ao CET que é o Custo Efetivo Total do financiamento – as taxas e despesas que são embutidas nas parcelas a serem pagas por quem financia o crédito imobiliário. Cada entidade financeira tem custos diferentes que englobam os juros, os seguros, a taxa de amortização e algumas outras “surpresinhas” mais.
Antes mesmo de começar a pagar o seu financiamento, você precisa pagar a taxa de vistoria do imóvel, que será feita por um profissional capacitado ou mesmo algum consultor imobiliário.
Depois de aprovado o financiamento, sua parcela mensal terá um acréscimo por causa dos seguros obrigatórios, que servem para cobrir a dívida em caso de morte e para danos físicos ao imóvel. A soma dos dois gira em torno dos 3% a 5% do total da parcela. Imagine o valor final deles ao se multiplicar por 20 ou 30 anos de financiamento!
Não pense que os gastos acabaram por aí.
Seria preciso fazer a escritura pública do imóvel. Por sorte, você vai se livrar dessa despesa, já que o próprio contrato de financiamento com o banco já tem força de escritura. Porém, será preciso fazer o registro do imóvel em um cartório.
Por último, não poderíamos esquecer o ITBI ou Imposto de Transmissão de Bens Imóveis. Afinal, você está comprando o imóvel de outra pessoa e precisa pagar para que ele seja transferido para você. No caso de ele se localizar em São Paulo, isso lhe custará 3% sobre o valor do bem. Caso seja a sua primeira casa ou apartamento, gozará de um desconto de 50%.
Abaixo, comparamos duas situações de compra de imóvel e do funcionamento do crédito imobiliário: se você fosse comprar um imóvel financiado nos Estados Unidos ou em Portugal.
Comprar um imóvel nos Estados Unidos
Para adquirir um imóvel nos Estados Unidos basta que você esteja legal, não importa se com visto de turista, estudante ou negócios. A burocracia é a mínima necessária e os juros mais baixos que no nosso país.
O comprador precisará comprovar uma renda três vezes acima do valor da prestação do crédito imobiliário contratado. Isso é feito comprovando a renda com documentação de seu país de origem, no nosso caso o Brasil.
Também será exigido que se comprove estar em dia com o imposto de renda na sua terra de origem. Diferentemente do Brasil, quanto mais alta for a entrada para compra do imóvel mais baixos ficam os juros. Na média, os juros cobrados são de 5% ao ano e a entrada exigida para estrangeiros em torno de 30%.
Se for o seu primeiro imóvel em terras americanas e você tiver o Green Card a situação melhora ainda mais, com os juros despencando para 3,5% ao ano e a entrada também para 3,5%.
Comprando um imóvel financiado em Portugal
Com a avalanche de brasileiros investindo ou se mudando para Portugal, decidimos dar um exemplo de como funciona um financiamento à habitação no país europeu.
A taxa de juros cobrada em um empréstimo desse tipo é baseada na Euribor de seis meses, o que significa que gira em torno de 1,25% a 2,8% ao ano. A Euribor é uma taxa de referência da zona do euro, que baliza as condições pagamento básicas do crédito imobiliário e de outros tipos.
Abrir uma conta em um banco português é bastante rápido e o crédito imobiliário a não residentes é uma prática habitual. Basta tirar o seu NIF ou número de identificação fiscal – o equivalente ao nosso CPF.
Normalmente, a entrada exigida a um cidadão estrangeiro está em torno de 30% do valor do imóvel, mas isso pode variar de acordo com o relacionamento com seu banco.
Com relação ao prazo de financiamento, os bancos portugueses limitam a 40 anos, mas para um cidadão estrangeiro não residente o limite são 30 anos. Em geral, o prazo máximo de tempo não deve ultrapassar os 75/80 anos de idade, somando-se o tempo de financiamento com a idade do solicitante.
Lá como aqui também existem impostos a serem pagos, registros etc. Contudo os valores são bem mais acessíveis do que pagamos no Brasil.
Depois de ler atentamente este texto podemos concluir que não só pagamos altos valores pelos imóveis no Brasil, como também altíssimas taxas de juros do crédito imobiliário, que ao final do período de financiamento dariam para comprar outro imóvel.